segunda-feira, 30 de junho de 2008

Liberalismo é relativo

Ontem fazia 32ºC e recebi um convite inegável: ir a um lago que tem aqui perto do aeroporto de Bratislava, a 10min do centro, e ainda poder nadar.
O nome do lago é "Zlaté Piesky", um nome que, traduzido, vira um convite: "Areias Douradas".
Muitas pessoas já tinham me falado deste lago (talvez pelo fato dele ser acessível, através do transporte público, a qualquer um que resida em Bratislava - como disse, mesmo não ficando no Centro ele fica mais perto do Centro do que onde eu moro), que possuía águas límpidas, com restaurante e uma ilha no meio.
Aquilo me soou como o paraíso e só pensar que eu poderia chegar lá a partir de casa tornou o convite mais inegável ainda.

Chegamos (eu, Alex e um amigo dele) era 15h e o sol queimava a pele.
Estacionamos o carro e seguimos andando por 5min.
Ao chegar no local exato, se não era para minha a minha surpresa, metade (ou muito mais que isso!) do público estava nú! Ah, o que eu fiz? Eu ri! Óbvio! hahahaha

"Tudo mundo" esta careca de saber que o Brasil é vendido para o exterior como o país paraíso. O melhor lugar do mundo para se conseguir a combinação sol, praia e etc. O apelo ao sexualismo. O lugar onde tudo pode acontecer. Bumbumlandia, e afins.
Se você não sabe disso, bom, agora você sabe. E é óbvio que isto é um estereótipo.

É um estereótipo por que como pode o Brasil ser considerado "país-paraíso" se as mulheres andam de fio dental na praia e ao mesmo tempo, tratar de assuntos como "nudez" ou tocar na palavra "pelado" é ainda um tabú em muitas famílias?
É claro que isto tem variante: falar "pelado" numa família tradicional não soa como "pelado" numa família liberal (mas aí eu digo liberal MESMO)? Mas mesmo assim, eu ponho minha mão no fogo que em mais de 80% dos casos, se falada, o clima muda, o silêncio toma conta e a novela das 8h fala mais alto.

É claro também que eu tenho teorias e a maioria delas recai sobre a velha e tão falada (e já cliché) hipocrisia, mas deixa pra lá. (ok, eu paro, prometo não falar a palavra "hipocrisia" nos próximos 3 posts ;) Mas é fato.

Voltando ao lago nudista, eu me senti no piscinão de Ramos (sem nunca ter sequer pisado lá).
Descobri que o lago não é necessariamente nudista. Digamos que ele é "amigavelmente nudista". E esta metade em que estávamos é pública (a outra é particular e paga-se para entrar e me parece que as pessoas mantém as roupas por lá haha).
Onde estávamos era: se você se sentir confortável, você tira as roupas. Se não, você fica na sua. Tinha gente 100% nua, gente com shorts (eu e os outros dois), moças de top-less e etc.
Passada meia-hora, a imagem do "piscinão de Ramos" da minha cabeça mudou. Admirou-me a naturalidade das coisas, principalmente por se tratar de um lago cravado DENTRO da cidade (o que é totalmente oposto ao Brasil em que este lugares, apesar de existirem, ficam em universos paralelos, praticamente), num país tão católico quanto o Brasil e por ter um público tão variado frequentando: famílias inteiras, jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, sem distinção alguma. Tudo muito na etiqueta!

No começo eu fiquei chocado por que, querendo ou não, minha criação, apesar de não ter sido "tradicionalista" também não foi tão "liberal" - apesar de eu me sentir bem confortável em conversar sobre isso com qualquer pessoa eu nunca tinha ido num lugar assim, vai!
E foi por essas e outras que talvez eu não fiquei nú, não me senti confortável. Não considero errado ou falta de pudor - mesmo por que isto é meramente cultural e puro conceito enraizado na sua cabeça - mas não se muda uma cabeça da noite pro dia (ou melhor, numa virada de pescoço!)

Eu só sei que foi engraçado, muito engraçado mesmo, me ver em uma situação daquelas!

Conclusões:
  1. Isto só me fez pensar que eu tive choques culturais de inverno e primavera - e o verão está só começando.
  2. Depois de 5h naquele lugar, fio-dental para mim virou adereço islâmico, hahaha!

Fique com fotos do lugar (inclusive uma tirada do celular, ontem - hahaha).

Cau!


quinta-feira, 26 de junho de 2008

Londres

Saí do trabalho na terça-feira, dia 17/06, e fui direto para o aeroporto.
O aeroporto de Bratislava é bem pequeno (foi a primeira vez que pisei lá, visto que todas as viagens de avião que fiz por aqui foram pelo aeroporto de Viena), se brincar tem o tramanho do aeroporto de Cuiabá.
Não tive nenhum problema de check-in, foi tudo bem rápido e quando vi já estava na sala de embarque.
Carimbo de saída no passaporte e lá vamos nós.

Duas horas depois eu pousava em Luton, cidade a 50km de Londres, ao norte desta.
O ônibus me deixaria na Victoria Train Station e lá mesmo eu encontraria a Paula.

Meu ônibus chegou pela parte histórica de Londres, passando por tudo que eu tinha na cabeça: ônibus vermelhinho, cabines telefônicas (também vermelhinhas), uma arquitetura "escura" e aquele clima "1800".

Londres é velha, mas é limpinha.

Londres é diversa, é tão diversa que costuma-se brincar que lá não existem ingleses. Sem sombra de dúvidas o que mais "se destaca na multidão" são os indianos, apesar de brasileiros também serem uma "praga" por lá.

O passei incluiu os pontos clássicos: Piccadilly Circus, Trafalgar Square, Regent Street, London Eye, Casas do Parlamento, Palácio de Backingham, parques (Greenwich, St James e Hyde) e Museus (de História Natural e de Ciência).

Eu queria mesmo é ter tempo para escrever o que foi esta viagem, as peculiaridades e as bizarrices (inlcuindo aqui ter que ir numa escola de informtática com a Paula e chegando lá estar a polícia londrina fazendo batida haha), mas como eu já não tenho muito tempo para isso, fique com as fotos:



quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sinal de vida



Estou parcialmente vivo.
Foram 6 dias andando mais de 10 horas por dia. Meu pés estão um caco mas a cabeça agradece o boom que só Paris e London juntas podem dar.
Não sei quando terei tempo para postar as mais de 1500 800 fotos que tirei e relatar todo o itinerário, mas eu posto.

Volto já.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Happy Birthday

Então eu falei que não voltaria aqui até semana que vem mas hoje é dia especial, então corri aqui e lá vai:

HAPPY BIRTHDAY, FATHER!!!

Feliz aniversário de Londres, por isso foi em inglês!


p.s: quando eu voltar pra Bratislava eu ligo e dou um feliz aniversário digno!!!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Londres e Paris



Tirei férias de 5 dias na EMM, agora só tenho mais 1 dia de férias por direito.
Amanhã eu saio de Bratislava no fim da tarde e vôo para Londres.
Fico até sexta-feira na casa do "os dois na europa", entre andadas e mais andadas pela capital inglesa.
No sábado a gente pega o trem-super-rápido da Eurostar (aquele que passa pelo Canal da Mancha) e desembarcamos para 3 dias e 2 noites em Paris.
De volta a Londres, na terça-feira de manhã, pego meu vôo de volta e chego em Bratislava às 12h.

Sendo assim o blog fica em hiatus até eu voltar de viagem e tiver tempo de escrever tudo.

Au revoir!

sábado, 14 de junho de 2008

Slovenský Raj

Slovenský Raj significa "Slovak Paradise" ou "Paraíso da Eslováquia" e é nada mais nada menos do que uma cadeia de montanhas localizada na região central do país.

O Alex, eslovaco que mora comigo, tem uns amigos (eslovacos) que moram na Austrália e nesta semana que passou eles vieram visitar a terra-natal e tinham uma viagem agendada (há alguns meses) para o Slovenský Raj. Aí eu fui convidado para ir junto, na semana passada, bem assim de última hora.
Na semana passada meu chefe falou para eu tirar férias - por que eu vou embora em Agosto. Bom, juntei a fome com a vontade de comer e tirei a segunda, terça e quarta-feira de folga e fui.

Alugamos uma casa de campo para duas noites, em 6 pessoas.
O programa era andar: andar, andar e andar. Ou fazer hiking, ou, em português, trilhar.
O lugar fica a 5h (de carro) de Bratislava. Chegamos na segunda-feira às 13h, almoçamos e saímos para andar.
Pausa: já faz um tempo que era para eu ter escrito isso, mas agora que aconteceu eu lembrei de novo. Existe um "que" popular na Eslováquia de que depois de comer (almoçar, por exemplo), se você andar, faz bem, ajuda na digestão. E aí que isso é totalmente oposto ao que se fala no Brasil, onde após almoçar você DORME, na maioria das vezes. Sem contar sua mãe, quando você era pequeno, que mandava você sair do sol, parar de correr, sentar e sossegar o faxo após o almoço...

Bem, foi então que depois de ter me empanturrado de batata frita com frango empanado, não mais que 15min depois, o grupo levanta e fala: "Então, vamos?". Meus olhos saltaram!
Eu falei "não", "não posso", "não dá", "vou morrer" hahaha mas não foi suficiente. E eles comeram tanto quanto eu. Não acreditara no que ia acontecer... mas enfim.
Começamos a andar e obviamente eu passei mal, 30min depois. E as pragas ainda andavam, felizes! Pedi para esperar, sentamos, passamos meia-hora quietos e voltei ao normal.
E o que isso me faz concluir? Que isso só pode ser adaptação - e que na verdade tanto faz. O ponto é que eu não estou adaptado a isso - eu quero minha ciesta!!!

Enfim, no primeiro dia andamos 15 km, em 6h. JE-SUS, nunca andei tanto de uma vez só!

À noite acendemos uma fogueira, tostamos umas salsichas e nos esbaldamos em pão com mostarda (de verdade!). Eu entrei na Coca-Cola enquando os pinguços foram de Becherovka (um alcool forte - próximo de vodka - feito de ervas). Outro beberam vodka mesmo.

Acordei no outro dia reclamando de "dor" por exaustão (também, sedentário igual a mim está para nascer!). O Peter, Alex e Martin estavam bem acabados também, então optamos por uma trilha mais "leve", de 10km.

Foi um caminhar mais agradável, desta vez menos íngrime e com váááarias cachoeiras, escadas e degraus para se arriscar. Isso tornou a caminhada mais dinâmica e nem vimos o tempo passar.

Bom, para se ter uma idéia do paraíso, eu deixo as fotos abaixo ;)


domingo, 8 de junho de 2008

Cherries!


- Toc, toc. - vizinha bate na porta.
- Alex, trouxe aqui umas cerejas que pegamos no quintal da casa de fulano. - diz a vizinha.
- Muito obrigado! - diz Alex.


Simples assim.

Aí você pára e pensa: eu já vi cerejas? (desconsiderando aquelas na ponta do sunday).

Viena

Ontem eu fui para Viena, meio assim, de bobeira.
É, bobeira por que Viena fica a uma hora daqui e a maneira que fomos foi, assim, de "bobeira".
Uma amiga do Alex, a Ala, eslovaca mas que hoje mora em Praga, chegou em Bratislava para um festival e fazia tempo que eles não se viam. Chegou sexta-feira à noite ela propôs que fôssemos a Viena. Então tá, né? Não conheço Viena mesmo...
Em Bratislava estava tudo muito nublado e isso me motivou a não levar minha câmera fotográfica - nem me arrependi, leia mais para saber o porquê.

Viena é simplesmente linda! Cidade encantadora, com arquiteturas variadas, muita gente (de todo canto) e prédios imponentes (e antigos!).
Para mim o mais belo prédio é, sem dúvidas, o prédio do Parlamento. É óbvio que eu, fã absoluto de arquitetura neo-clássica (ahhh, eu HEI de visitar a Grécia ainda!), sou suspeito, mas eu deixo aqui uma foto (dessas que tem as pencas pela internet) só pra você babar.



A igreja (primeira foto a seguir) também é fantástica. O prédio da Casa de Ópera (segunda foto a seguir) também. O Museu de História Natural (terceira foto a seguir) também. Enfim, tem muitos, mas muitos prédios impressionantes.


Fonte: Wikipedia

Agora vem a parte realista da coisa (e o porquê de eu não me arrepender em não ter minha máquina fotográfica em mãos): a Áustria (e a Suiça) estão neste momento sediando a Copa Européia (pra eles é como se fosse a Copa do Mundo pro Brasil - aí eu me pergunto como será a Copa do Mundo para eles). Carros com bandeirinhas por todos os lados, váááárias caras pintadas com bandeiras - de diferentes países. Enfim, um furdunço. E bem por acaso, ontem foi a abertura, ou seja, o primeiro dia, então tinha gente por tooooooooooooooooooooooooooda a cidade - inclui-se aqui turistas e locais. Para ajudar, o parlamento (o bonitão lá de cima) estava todo cercado (por cercas mesmo). Vários outros prédios (de se cair o queixo) também.
Tinha polícia em cada canto da cidade.

Aí a Ala comentou comigo que tudo está armado para esquema anti-terrorismo, que a cidade nunca foi cheia de policiais e que aquelas cercas nunca estiveram lá. Imagino...

As cercas também serviam para limitar um espaço com telão, onde os fanáticos (depois de passar uma revista ferrenha que não permitia bandeiras, objetos de vidro, ferro e etc) por futebol se aglomeravam para ver a abetura oficial, que ocorreu em Basiléia, na Suiça.

A gente foi pego bem de surpresa e eu fiquei muito é estressado por ter que ficar me desviando de bebâdos e quase-hooligans com caras pintadas (nenhuma alusão a Collor, por favor) e vestidos com bandeiras. Credo!

Então está escrito nas pedras: volto à Viena quando este projeto de Copa do Mundo acabar, quando o parque estiver aberto e tudo estiver sem cercas, em Julho! :)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Resposta ao passado

Eu lembro muito bem.

Era meu segundo dia morando na capital mato-grossense.
Era um domingo. Eu acordei no apartamento vazio que esperava a mudança chegar, num colchão, onde hoje é a sala. Minha mãe ouvia rádio. Ela ouviu meu nome.
Com um pouco de espertesa eu consegui pegar dois ônibus para ir até a UFMT ver o resultado do vestibular.
O que interiorano não esperava era o nome dele na lista de aprovados para o curso de Ciência da Computação. A sensação foi de "trabalho cumprido".

Eu também lembro muito bem de outro dia. O sol não brilhava tão forte como de costume e o tempo era meio nublado em Cuiabá, eu estava sentado no sofá da então agora sala, assistindo TV, e com o coração na mão escutando a notícia: "Hoje, último dia de matrícula para os aprovados em primeira chamada na UFMT". E do mesmo jeito que eu ouvi aquela notícia eu permaneci durante o dia todo: não me matricularia para o curso de Ciências da Computação.

Cinco anos se passaram desde então: naquele mesmo ano eu entrei no curso preparatório (famoso cursinho), viajei alguns milhares de quilômetros até o Sudeste brasileiro para fazer provas de vestibular, mudei-me para Itajubá e, hoje, estou quase me formando em Engenharia da Computação, o curso que justificou a minha desistência à vaga na UFMT.

Eu não sabia o que eu estava fazendo, não tinha dimensão da importância da escolha, naquela época. Até hoje não posso mensurá-la, mas não me arrependo.

Pelas pessoas que conheci. Pelas fases que enfrentei. Pelas descobertas. Pelo futuro. Arrisque.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Rotina

Bom, após 3 meses de trabalho posso, agora, com mais colhão, falar de rotina.

O trabalho exige 40h semanais, de segunda a sexta.
"Ah! São 8h por dia então..". Não.
Não são 8h por dia por que eu posso chegar a hora que eu quiser (entre 8h e 10h) e ir embora a hora que eu quiser (sem restrições).
A restrição é cumprir as 40h semanais.
É claro que se você tem que participar de reuniões em grupo, compromissos, etc.. você não fica tão livre assim, mas, digamos que, para trabalhos individuais, você está livre para fazer seu horário.

Dependendo do humor eu acordo em algum lugar no período do tempo entre 7h e 7:30, me arrumo, viajo uma maldita hora até o outro lado de Bratislava e chego no trabalho entre 9h e 9:30h (por que eu odeio acordar cedo - e não me venha com lição de moral! haha).
Tentando cumprir 8h diárias (para não sobrecarregar os outros dias), consequentemente eu saio do trabalho entre 17:30 e 17h.

Chego em casa em torno de 18:30h.
Dá tempo de tomar banho, comer algo, bater um papo com o Alex, ir no supermercado, talvez passear na cidade ou fazer alguma obrigação e, sem mais nem menos, já são 21h. Aí é se preparar pra dormir. Agora que o verão está quase "aí", o sol se põe às 21h - no verão ele se porá às 22h.

Lá pras 22h-23h, dependendo do que se passa na internet, TV e sala, eu vou dormir.

E lá se vai mais um dia...