O nome do lago é "Zlaté Piesky", um nome que, traduzido, vira um convite: "Areias Douradas".
Muitas pessoas já tinham me falado deste lago (talvez pelo fato dele ser acessível, através do transporte público, a qualquer um que resida em Bratislava - como disse, mesmo não ficando no Centro ele fica mais perto do Centro do que onde eu moro), que possuía águas límpidas, com restaurante e uma ilha no meio.
Aquilo me soou como o paraíso e só pensar que eu poderia chegar lá a partir de casa tornou o convite mais inegável ainda.
Chegamos (eu, Alex e um amigo dele) era 15h e o sol queimava a pele.
Estacionamos o carro e seguimos andando por 5min.
Ao chegar no local exato, se não era para minha a minha surpresa, metade (ou muito mais que isso!) do público estava nú! Ah, o que eu fiz? Eu ri! Óbvio! hahahaha
"Tudo mundo" esta careca de saber que o Brasil é vendido para o exterior como o país paraíso. O melhor lugar do mundo para se conseguir a combinação sol, praia e etc. O apelo ao sexualismo. O lugar onde tudo pode acontecer. Bumbumlandia, e afins.
Se você não sabe disso, bom, agora você sabe. E é óbvio que isto é um estereótipo.
É um estereótipo por que como pode o Brasil ser considerado "país-paraíso" se as mulheres andam de fio dental na praia e ao mesmo tempo, tratar de assuntos como "nudez" ou tocar na palavra "pelado" é ainda um tabú em muitas famílias?
É claro que isto tem variante: falar "pelado" numa família tradicional não soa como "pelado" numa família liberal (mas aí eu digo liberal MESMO)? Mas mesmo assim, eu ponho minha mão no fogo que em mais de 80% dos casos, se falada, o clima muda, o silêncio toma conta e a novela das 8h fala mais alto.
É claro também que eu tenho teorias e a maioria delas recai sobre a velha e tão falada (e já cliché) hipocrisia, mas deixa pra lá. (ok, eu paro, prometo não falar a palavra "hipocrisia" nos próximos 3 posts ;) Mas é fato.
Voltando ao lago nudista, eu me senti no piscinão de Ramos (sem nunca ter sequer pisado lá).
Descobri que o lago não é necessariamente nudista. Digamos que ele é "amigavelmente nudista". E esta metade em que estávamos é pública (a outra é particular e paga-se para entrar e me parece que as pessoas mantém as roupas por lá haha).
Onde estávamos era: se você se sentir confortável, você tira as roupas. Se não, você fica na sua. Tinha gente 100% nua, gente com shorts (eu e os outros dois), moças de top-less e etc.
Passada meia-hora, a imagem do "piscinão de Ramos" da minha cabeça mudou. Admirou-me a naturalidade das coisas, principalmente por se tratar de um lago cravado DENTRO da cidade (o que é totalmente oposto ao Brasil em que este lugares, apesar de existirem, ficam em universos paralelos, praticamente), num país tão católico quanto o Brasil e por ter um público tão variado frequentando: famílias inteiras, jovens, crianças, idosos, homens e mulheres, sem distinção alguma. Tudo muito na etiqueta!
No começo eu fiquei chocado por que, querendo ou não, minha criação, apesar de não ter sido "tradicionalista" também não foi tão "liberal" - apesar de eu me sentir bem confortável em conversar sobre isso com qualquer pessoa eu nunca tinha ido num lugar assim, vai!
E foi por essas e outras que talvez eu não fiquei nú, não me senti confortável. Não considero errado ou falta de pudor - mesmo por que isto é meramente cultural e puro conceito enraizado na sua cabeça - mas não se muda uma cabeça da noite pro dia (ou melhor, numa virada de pescoço!)
Eu só sei que foi engraçado, muito engraçado mesmo, me ver em uma situação daquelas!
Conclusões:
- Isto só me fez pensar que eu tive choques culturais de inverno e primavera - e o verão está só começando.
- Depois de 5h naquele lugar, fio-dental para mim virou adereço islâmico, hahaha!
Fique com fotos do lugar (inclusive uma tirada do celular, ontem - hahaha).
Cau!